À memória de minha mãe

Há uma dor que não se apaga d’alma,
Lágrima triste que pendente existe
Da face do infeliz:
É gemido que mata e não se acalma,
Que torce o coração, e se persiste,
A existência maldiz.

Essa dor eu senti quando vi morta
Minha terna mãe... perdão, meu Deus.
Se quero já morrer;
Esta vida de dor perder que importa?
Quero com minha mãe morar nos céus,
Com os anjos viver.

Eu perdi minha mãe... era uma santa,
Que tinha a minha vida neste mundo,
Minh’alma e meu amor!
E foi o meu pesar, minha ânsia tanta,
Que a vida quis deixar num ai profundo,
Morrer também de dor.

Só lágrimas de sangue eu sinto agora
Afogaram-me os olhos, e o martírio
Emurcheceu-me a vida;
Eu tenho pouca idade, mas embora,
Sente apagar-se da existência o círio
Minh’alma amortecida.

Maldigo minha vida, por seu filho
A minha pobre mãe chama nos céus
Quando eu rezo por ela;
Choro vendo que só no mundo trilho;
Quero com minha mãe viver, meu Deus,
No céu, bem junto dela!