Os adultos, todos-poderosos, solidários, coautores, corregedores.
Juízes de suas justiças.
Altaneiros em lições altissonantes, humilhantes
para que todos soubessem se exemplar.
A criança faltosa, inconsciente, apanhada, destruída.
Ré… ré… ré… de crimes sem perdão.
E eles, enormes, gigantescos, poderosos,
donos de todas as varas, aplaudidos.
Esta senhora, sim, sabe criar a família…
Isto quando corria a notícia de uma tunda das boas,
e mais castigos humilhantes.
Ao choro, respondia a casa, os ilesos, saciados, regozijantes –
“benfeito, perdidas as que foram no chão”.
O sadismo, o masoquismo, o requinte: A menina errada, agarrada,
sujigada entre pernas adultas, virado seu traseiro, levantado
seu vestido, saiote, descida sua calcinha em chineladas cruéis
no traseiro desnudado, na pele sensível.
A reação incontida da criança, a mijada inconsciente,
a ânsia nervosa, o vômito, o intestino solto.
Acrescido o castigo: sentada no canto,
a carta de ABC na mão, a lição sabida.