
Mário Quintana
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 103 leituras
As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já da cor da terra — como são belas as tuas mãos pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos... P...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 146 leituras
Teu riso de vidro desce as escadas às cambalhotas e nem se quebra, Lili, meu fantasminha predileto! Não que tenhas morrido... Quem entra num poema não morre nunca (e tu entraste em muitos...) Muita ge...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 86 leituras
A vida é um incêndio: nela dançamos, salamandras mágicas. Que importa restarem cinzas se a chama foi bela e alta? Em meio aos toros que desabam, cantemos a canção das chamas! Cantemos a canção da vida...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 98 leituras
Olha, eu talvez seja esse cadáver desconhecido que avistam sob uma ponte com relativo interesse: nem sei mais se me matei se morri por distraído se me atiraram do cais — o mistério é mais profundo, mu...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 95 leituras
A vida é louca a vida é uma sarabanda é um corrupio... A vida múltipla dá-se as mãos como um bando de raparigas em flor e está cantando em torno a ti: Como eu sou bela, amor! Entra em mim, como em uma...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 102 leituras
O poeta canta a si mesmo porque nele é que os olhos das amadas têm esse brilho a um tempo inocente e perverso... O poeta canta a si mesmo porque num seu único verso pende — lúcida, amarga — uma gota f...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 96 leituras
O poeta é belo como o Taj-Mahal feito de renda e mármore e serenidade O poeta é belo como o imprevisto perfil de uma árvore ao primeiro relâmpago da tempestade O poeta é belo porque os seus farrapos s...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 93 leituras
Era uma dessas mulheres que não se usam mais. Vestes de trevas e vidrilhos. Cabeleira trágica. Olheiras suspeitas. O grito horizontal da boca. Surgiu da noite. Sumiu pela última porta do poema.
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 150 leituras
Nós, os marcianos, não sabemos nada de nada, por isso descobrimos coisas que de tão visíveis vocês poderiam até sentar em cima delas... Não brinco! Não minto! um dia um de nós (Van Gogh) pintou uma ca...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 137 leituras
Numa esquina do Labirinto às vezes avista-se a Lua. “Não! como é possível uma lua subterrânea?” (Mas cada um diz baixinho: Deus te abençoe, visão...)
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 103 leituras
Um morcego enormíssimo escureceu metade da cidade — uma nuvem negra, imóvel. Tivemos de as procurar às pressas e ir acendendo as velas com mãos trêmulas como se as erguêssemos diante de oratórios. E d...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 84 leituras
Os antigos retratos de parede não conseguem ficar longo tempo abstratos. Às vezes os seus olhos te fixam, obstinados porque eles nunca se desumanizam de todo. Jamais te voltes para trás de repente. Nã...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 114 leituras
Uma procissão de espantalhos, pela miséria colorida, pelos atalhos vinha: pediam vida, queriam vida! E as suas caras eram trágicas porque tinham todas a mesma expressão — que era o mesmo que não terem...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 96 leituras
As grandes damas usavam grandes chapéus, cheios de flores e de passarinhos. As flores feneceram, porque até as flores artificiais fenecem. Os passarinhos voaram e foram pousar nos últimos parques, ond...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 100 leituras
Senhora, eu vos amo tanto Que até por vosso marido Me dá um certo quebranto... Pois que tem que a gente inclua No mesmo alastrante amor Pessoa animal ou cousa Ou seja lá o que for, Só porque os banha...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 155 leituras
Sia Rosaura tirava a dentadura para comer Por isso ela tinha o sorriso postiço mais sincero da minha rua Dona Maruca fazia uns biscoitinhos minúsculos, estalantes e secos chamados mentirinhas Eduviges...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 81 leituras
O gato, que mora no mundo para sempre perdido do cinema silencioso, atravessa o país do tapete, onde se abrem flores falsamente tropicais. Ao pé da escada, por força do hábito, a avozinha morta começa...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 156 leituras
As moças das cidades pequenas com o seu sorriso e o estampado claro de seus vestidos são a própria vida. Elas é que alvorotam a praça. Por elas é que os sinos festivamente batem, aos domingos. Por ela...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 99 leituras
A lâmpada abre um círculo mágico sobre o papel onde escrevo. Sinto um ruído como se alguém houvesse arremessado uma pequenina pedra contra a vidraça, ou talvez seja uma asa perdida na noite. Espreguiç...
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- Coletânea: Esconderijos do Tempo
- 80 leituras
Naquela mistura fumegante e colorida que a pá não para de agitar vê-se o infinito olhar de um moribundo o primeiro olhar de um primeiro amor um trem a passar numa gare deserta uma estrela remota um pi...
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Isto é tudo, por enquanto.