
Artur Lobo
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- Coletânea: O outro
- 44 leituras
Do antigo bosque na mudez austera, longe das sanhas das paixões, da insana guerra e dos uivos da fereza humana, jaz solitária a fúnebre tapera. Perto um arroio sob os festões de hera desliza a medo, e...
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- Coletânea: O outro
- 48 leituras
Hélas! et l’on sentait de moment en moment, sous cette voute sombre, quelque chose de grand, de saint et de charmant, s’évanouir dans l’ombre Victor Hugo – Les chants du crépuscule. Numa atitude augus...
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- Coletânea: O outro
- 51 leituras
Placidamente, ao declinar do dia, sobre a tristeza lírica dos prados a noite desce murmurante e fria, dos solitários montes escarpados. Tudo repousa. E na mudez sombria, na solidão dos ermos descampad...
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- Coletânea: O outro
- 52 leituras
Atra noite outonal. Como feroz lamento, através da folhagem, corta o silêncio a voz aspérrima do vento indômita e selvagem. Cresce o estranho furor da regida nortada, e todo o bosque umbroso agita-se...
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- 55 leituras
De noite a sombra silenciosa e estranha, como um abutre, pousa da montanha na tenebrosa cúspide escarpada. No céu sequer a pálpebra dourada de um astro vela. Pelo azul somente a lua escorre silenciosa...
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- Coletânea: O outro
- 57 leituras
Ita, o guerreiro, é velho e silencioso. Seu cavo olhar nostálgico e nuvioso se extingue à flor da mádida pupila; verga-se-lhe o tronco; aos poucos se aniquila o seu vigor antigo; inerte e lasso pende-...
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- 58 leituras
(A Azevedo Júnior) Amplo, profundo, túrgido, sombrio – ora estreitando, ora apartando mais o leito – desce o caudaloso rio... desce por entre os trêmulos juncais. No calmo espelho cristalino e frio ab...
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- Coletânea: O outro
- 59 leituras
Naquele vaso fúnebre de argila é que o feroz guerreiro, audaz outrora, valente e altivo – encarquilhado agora, na paz da morte aos poucos se aniquila. Do extinto lume aceso na pupila foi-se-lhe a vida...
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- Coletânea: O outro
- 60 leituras
(A Figueiredo Pimentel) Ao sabor da corrente, em que se afoga da balsa a popa errática, descemos, enquanto o rio espuma e a quilha joga ao compasso monótono dos remos. Sobre a frágil e intrépida pirog...
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- Coletânea: O outro
- 60 leituras
Ainda que a dura e acerba dor sofrendo e muito embora o amargo fel provando, raro vereis o pranto meu correndo, raro vereis meu coração pulsando. Porque das desventuras me defendo, odes, versos e rima...
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- Coletânea: O outro
- 60 leituras
Ardem os círios alvos da capela e os sinos tangem dobres a finados. Por que não mais a luz do olhar estrela de Dona Branca os olhos assombrados? Jaz o castelo desolado e frio, ardem archotes na capela...
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- Coletânea: O outro
- 61 leituras
Noite tranquila e silenciosa. Esplende, ao longe, a luz da próxima alvorada. Da via-láctea sobre o céu resplende a chamejante túnica estrelada. A terra os sonhos mórbidos tressua e as seivas fortes pe...
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- Coletânea: O outro
- 64 leituras
Chapelim Vermelho, cabazinho cheio, aonde vás agora, sem nenhum receio, quase noite, aos montes, indefesa e só? – Vou levar toucados cor dos alvos linhos, vou levar regalos, vou levar carinhos, vou le...
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- Coletânea: O outro
- 65 leituras
Ó tu que vás ao declinar do dia pela deserta e solitária estrada, a noite desce próspera e esfuzia na brenha a voz da frígida nortada! Junto à escarpada cúspide sombria do árido monte, ao pé da encruz...
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- Coletânea: O outro
- 66 leituras
Dona Inês vem a desoras ao parque do seu solar. Tão pálida! Por que choras, princesa do Montealvar? Estrela, por que descoras, Por que palpitas, luar? Canta o amor, e a cotovia sente-se errante pelo a...
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- Coletânea: O outro
- 67 leituras
(Ao Dr. Augusto de Lima) E pelo velho cemitério errando via-se um monge assim monologando: Sim... É aqui a tumba em que repousa o seu formoso corpo de donzela. Sob esta fria e consternada lousa, eis a...
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- Coletânea: O outro
- 72 leituras
Dona Donzilha vem da capela, tão abatida, tão singular. Que desventura, que dor aquela, tão digna e nobre no seu pesar! Toda de negro; trajando luto, ela rosava no seu altar. Círio impassível, sou ros...
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- Coletânea: O outro
- 73 leituras
I Doce pastor, o teu pesar modera, para que possas antes deleitar-me. Pela dos ventos vesperais tempera sonora a voz do teu sonoro carme. Pois se a que adoras é ingrata e astuta e insensível a todos o...
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- Coletânea: O outro
- 76 leituras
I Em um país fantástico das lendas, em que de gaze as névoas precintadas têm assentado as vaporosas tendas ao pé das claras linfas argentadas, rico castelo feérico domina um atro bosque circunfuso e i...
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- Coletânea: O outro
- 81 leituras
Para engastar na estranha contextura, Eximia e bela, de uma estrofe rara, Pedi ao mar a mais pura E ao céu a estrela mais formosa e clara. Gotas que o orvalho esparze na espessura, Prismas que, a cor...
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- Coletânea: O outro
- 83 leituras
Próxima à velha mata abandonada e triste ao pé da encruzilhada, uma antiga ruína aos temporais resiste, mesta e desabitada. As verdes explosões dos líquens e das heras, alastrando as paredes, embalam...
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- Coletânea: O outro
- 92 leituras
Ei-la dormindo. Sobre um braço erguida; reclina a fronte; o seio se avoluma sobre o colo de mármore. Nenhuma voz atravessa a alcova adormecida. Fora, por sobre a noite comovida, entre a alvejante cerr...