Ecos da Minha Alma
Adélia Josefina Fonseca
- Detalhes
- By Adélia Josefina Fonseca
- Coletânea: Ecos da Minha Alma
Lendo teus versos mimosos,
Primos cantos maviosos,
Ao Senhor graças rendi;
Sim, fiquei-lhe agradecida
Por dar-te o berço da vida
No país onde eu nasci.
No teu canto há tal brandura,
Há tão melíflua doçura,
Que do céu vindo parece;
Parece dele emanado
Esse gênio sublimado,
Que à tua mente esclarece.
Eu, Poeta, te bendigo
Por seres fiel amigo
Da terra do meu amor;
Por louvares as palmeiras
E as aves brasileiras,
Eu te bendigo, Cantor.
Bendigo a voz soberana
Dessa lira americana,
Que o prazer me infiltra na alma,
Quando diz que, na lindeza,
Essa terra portuguesa
À de Cabral cede a palma.
Da nossa pátria querida,
Pintas nos bosques mais vida,
Nas várzeas pintas mais flores;
Pintas no céu mais estrelas,
E nossas vidas mais belas,
Mais abundantes de amores.
No teu canto há tal brandura,
Há tão melíflua doçura,
Que do céu vindo parece;
Parece dele emanado,
Esse gênio sublimado,
Que à tua mente esclarece.
Esse autor da — Harpa do Crente,
Que nos diz tão docemente
Do desterrado as tristezas;
Esse Poeta estrangeiro,
Louvor teceu verdadeiro
De tua musa às lindezas
Ele, ó Vate, conheceu
Que tinhas no livro teu
Toda a tua alma entornado;
Ora ardente, impetuosa,
Ora sentida e queixosa,
Carpindo azares do fado.
Eu creio que Deus te ensina
Essa linguagem divina,
Em que aos anjos soe falar;
Só Ele o gosto te inspira,
Com que vibras essa lira,
Que tanto sabe encantar.
Torrentes de poesia,
De suave melodia,
Das cordas dela derramas,
Descrevendo os atrativos
De olhos negros, expressivos,
Desses olhos que tu amas;
Desses olhos, que de amores
Dizem tão lindos primores,
Faliam com tanta paixão;
Às vezes quedos brilhando;
Outras vezes abrasando,
Qual incendido vulcão!
Esse teu canto gentil
Tenho lido vezes mil,
Vezes mil tem-me encantado;
E bem feliz me sentira,
Se, como tu, possuirá
Engenho tão elevado.
Se ouvisse Deus minha prece,
Se conceder-me quisesse
Um engenho igual ao teu,
Voz como a tua tão pura,
Que deixa ouvir na doçura
As harmonias do céu;
Quando o teu gênio, Poeta,
Visse, veloz como a seta,
Do céu as portas transpor;
Quando unisses lá teus hinos
A esses cantos divinos,
Que se entoam ao Senhor;
Teria, como desejo,
Seguido o rápido adejo
De teu estro na amplidão;
Transbordando de alegria,
Com ele penetraria
De Deus na sacra mansão!
Lá com os anjos entoara,
Em voz, como a deles, clara,
Mil louvores ao Senhor;
Depois, ao teu gênio unida,
Cantara a pátria querida,
A terra do meu amor