Ao Sr. Visconde da Pedra Branca
- Detalhes
- By Adélia Josefina Fonseca
- Coletânea: Ecos da Minha Alma
Que preceito tirano me impede
De voar pressurosa a teus lares?
De poder, na ventura de ouvir-te,
Extinguir da saudade os pesares?
Da saudade tão viva e profunda,
Que, qual serpe, minha alma envenena;
Vem tu, pois, esmagar este monstro,
Que a tormentos cruéis me condena.
Com tuas sabias palavras
Vem me ensinar a esquecer
Este mundo de mentiras,
Em que forçam-me a viver.
Ele, como tu bem sabes,
Tem costumes sociais,
Que nos privam de fazermos
O que desejamos mais.
Em vão contra tais usanças
Pretendo me rebelar;
A elas cedo; sou débil;
Não posso lutas travar.
Tu, porém, podes rir, caro amigo,
Deste mundo de enredos cruéis,
Como o nauta animoso, que canta
Afrontando do mar os parcéis.
Sim; tu podes zombar neste mundo
Dos costumes que julgas tiranos,
Desprezando os espíritos fracos,
Que os aprovam, que os seguem insanos.
Vem ensinar-me a esquecer
Destes usos sociais,
Que, sem razão, nos proíbem
O que desejamos mais.